A ciência já descobriu que a paixão é só um truque químico do nosso cérebro. Apaixonados somos bombardeados por um coquetel de drogas naturais que tem uma única função: concentrar toda a nossa atenção no objeto da paixão. Não comemos, não dormimos, não enxergamos defeitos, não conseguimos no concentrar em nada que não envolva conseguir o alvo da nossa paixão. De preferência nu e na horizontal.
O prazer da paixão é imediato. Sentimos o sangue correndo mais rápido, ficamos mais bonitos, temos mais ânimo e disposição. Somos capazes de grandes feitos e não medimos consequências. A paixão é uma arma da natureza para conseguir a coisa mais básica para ela: sexo e procriação. Nosso corpo nos trai e tudo que podemos pensar é em mais e mais daquele prazer entorpecedor da descarga de adrenalina, dopamina e outras “inas” do nosso cérebro traidor.
O problema é que o corpo se acostuma a essas substâncias. A paixão tem validade. Ela acaba. Depois de conseguido o objetivo nos tornamos resistentes as drogas e então vem a depressão química, o sentimento de que aquele ali não é o mesmo por quem nos apaixonamos. Começamos a ver todos os defeitos que pareciam invisíveis até uns dias antes. Sentimos falta daquele frio na barriga, daquela ansiedade do encontro.
E é ai que muitos vão cometer um erro crucial na vida. Confundir amor com vício. Ansiedade com desejo. Euforia com felicidade. Como viciados em drogas, eles abandonam aquela que já não lhes dá mais a sensação de euforia e ânsia e vão em busca de algo novo, mais forte, uma dose maior. Se tornam viciados em paixão. Dependentes de ânsia. E seguem pela vida o tempo todo em busca de uma emoção mais forte.
Nada as satisfaz, seus corpos vão se tornando cada vez mais resistentes a essa química cerebral e vivem de pequenos momentos de euforia e longas temporadas de depressão. Não entendem por que a vida de amor dos outros parece dar certo enquanto a deles nunca dura. Culpam a vida, o destino, Deus, o azar....E não percebem que na verdade eles é que buscam algo que não existe.
Amor nasce depois da paixão. São filhos de pais diferentes. Se a paixão é um truque cerebral, o amor é uma construção. É uma decisão. De viver com toalhas molhadas em cima da cama, com pastas de dente sem tampa, com horas de sono inconciliáveis. Exige uma grande dose de paciência e um pouco de miopia. Não nasce sozinho, brotando do nada. Principalmente, não vive sozinho. Existe paixão não correspondida, mas amor tem que ser, obrigatoriamente, uma decisão a dois. De abrir espaço na sua vida, na sua individualidade para a presença da individualidade do outro. A paixão nos cega na sua ânsia de tornar dois, um só. O amor sabe que dois são sempre dois, mas que podem escolher viver como um, sem perder a própria vida no caminho.
Vinte e três anos e um dia atrás eu tive a sorte de encontrar meu parceiro nessa aventura. Eu desejo a todos a “sorte de uma amor tranquilo”. Química nenhuma substitui isso.
A Sorte de um Amor Tranquilo
A ciência já descobriu que a paixão é só um truque químico do nosso cérebro. Apaixonados somos bombardeados por um coquetel de drogas naturais que tem uma única função: concentrar toda a nossa atenção no objeto da paixão. Não comemos, não dormimos, não enxergamos defeitos, não conseguimos no concentrar em nada que não envolva conseguir o alvo da nossa paixão. De preferência nu e na horizontal.
O prazer da paixão é imediato. Sentimos o sangue correndo mais rápido, ficamos mais bonitos, temos mais ânimo e disposição. Somos capazes de grandes feitos e não medimos consequências. A paixão é uma arma da natureza para conseguir a coisa mais básica para ela: sexo e procriação. Nosso corpo nos trai e tudo que podemos pensar é em mais e mais daquele prazer entorpecedor da descarga de adrenalina, dopamina e outras “inas” do nosso cérebro traidor.
O problema é que o corpo se acostuma a essas substâncias. A paixão tem validade. Ela acaba. Depois de conseguido o objetivo nos tornamos resistentes as drogas e então vem a depressão química, o sentimento de que aquele ali não é o mesmo por quem nos apaixonamos. Começamos a ver todos os defeitos que pareciam invisíveis até uns dias antes. Sentimos falta daquele frio na barriga, daquela ansiedade do encontro.
E é ai que muitos vão cometer um erro crucial na vida. Confundir amor com vício. Ansiedade com desejo. Euforia com felicidade. Como viciados em drogas, eles abandonam aquela que já não lhes dá mais a sensação de euforia e ânsia e vão em busca de algo novo, mais forte, uma dose maior. Se tornam viciados em paixão. Dependentes de ânsia. E seguem pela vida o tempo todo em busca de uma emoção mais forte.
Nada as satisfaz, seus corpos vão se tornando cada vez mais resistentes a essa química cerebral e vivem de pequenos momentos de euforia e longas temporadas de depressão. Não entendem por que a vida de amor dos outros parece dar certo enquanto a deles nunca dura. Culpam a vida, o destino, Deus, o azar....E não percebem que na verdade eles é que buscam algo que não existe.
Amor nasce depois da paixão. São filhos de pais diferentes. Se a paixão é um truque cerebral, o amor é uma construção. É uma decisão. De viver com toalhas molhadas em cima da cama, com pastas de dente sem tampa, com horas de sono inconciliáveis. Exige uma grande dose de paciência e um pouco de miopia. Não nasce sozinho, brotando do nada. Principalmente, não vive sozinho. Existe paixão não correspondida, mas amor tem que ser, obrigatoriamente, uma decisão a dois. De abrir espaço na sua vida, na sua individualidade para a presença da individualidade do outro. A paixão nos cega na sua ânsia de tornar dois, um só. O amor sabe que dois são sempre dois, mas que podem escolher viver como um, sem perder a própria vida no caminho.
Vinte e três anos e um dia atrás eu tive a sorte de encontrar meu parceiro nessa aventura. Eu desejo a todos a “sorte de uma amor tranquilo”. Química nenhuma substitui isso.
Mulher, professora, escritora no tempo vago. Ativista, protetora, bagunceira, leal, intransigente em meus valores e na defesa do que acredito. Viciada em pipoca, chocolate e literatura.