Eu sou um bom abajur e um bom baú. Não você não se enganou e veio seguindo a blogagem coletiva da Elaine Gaspareto, e por acaso caiu no texto de uma louca que resolveu discorrer sobre objetos de decoração. Esse é um texto sobre “O melhor de mim” e o que eu tenho de melhor é justamente isso: sou um bom abajur e um baú melhor ainda.
Antes que você desista do texto e feche o blog com a certeza que eu enlouqueci, deixe-me explicar o conceito de amigo abajur e amigo baú para você. Eles são parecidos, mas não iguais.
O amigo baú é aquele cara que sempre aparece quando você precisa conversar. Como um baú, ele abre a tampa e deixa que você despeje ali suas tranqueiras se você estiver num dia ruim e sem paciência para arrumar os pensamentos. Ou deixa que você guarde, cuidadosamente e vá arrumando cada um deles. E quando você sai e fecha a tampa seu pensamentos estão seguro ali dentro.
Já o amigo abajur conhece uma fina e delicada arte: a de se fazer invisível nos momentos necessários. Ele fica ali de lado, elegantemente repousando na mesa e jogando uma luz suave e não ofuscante ao seu redor. Um amigo abajur não vai tentar brilhar mais que você e nem vai fazer escândalos na hora que você precisar apenas de penumbra para arrumar seus sentimentos e não de muita conversa.
Eu sou uma boa ouvinte. Eu gosto de conhecer pessoas e de saber um pouco das suas vidas. Sou parceira dos meus amigos e eles sabem que não importa dia ou horário eu estou ao alcance de um telefonema ou de um bip do msn. Eu não tenho vergonha de dizer eu te amo e, se eu amo alguém, eu faço questão que ele saiba disso todos os dias. Eu não coloco cercas no meu afeto e não faço demandas para amar.
Eu fui mãe aos dezesseis e, apesar do medo e da falta de experiência, eu tenho a certeza que todos eles sabem que eu os amo, com defeitos, qualidades, acertos e erros. E se os apressei um pouco em direção a maturidade também posso me orgulhar de nunca tê-los impedido de voar, de experimentar, de ser aquilo que eles queriam e não o que eu poderia ter sonhado para eles.
Eu sou muito intuitiva e rápida em amar. Lenta em ficar com raiva e não guardo mágoas bobas pela vida. Sou do tipo que dá uma boiada para não entrar numa briga, que releva ofensas se elas forem comigo, mas não machuque meus amigos por que não tenho medidas na hora de brigar. Sou direta, nem um pouco sutil e não faço rodeios para dizer o que sinto e penso. Eu me esforço para não abrigar preconceitos de qualquer natureza e não fico esperando a vida passar, eu corro atrás do que gosto.
Mas no fundo o que eu faço de melhor é ser um baú e um abajur para meu marido, filhos e amigos. É estar presente, disponível e amá-los intensamente, mesmo que seja só sentando na mesinha de canto e deixando que eles brilhem ou descansem na penumbra.