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sábado, 24 de abril de 2010 Post By: Lilah

Voraz

Isso não é bem um conto, é uma cena. Eu tenho um processo criativo meio estranho...as vezes escrevos cenas de uma história que nem está toda na minha cabeça. É caso de Letícia e Marcos. Eu não sei o que aconteceu antes e eu não sei o que acontecerá depois dessa cena.
Eles estão num cantinho da minha mente esperndo sua história tomar corpo, por tanto é provável que vocês ainda os vejam por aqui.





Ela sabia que era a última vez. Talvez por isso existisse tanta fome em cada toque. Tanta ânsia em cada beijo. Não importa quantas vezes aquela mesma cena tivesse se repetido, dessa vez era para valer. Sim, muitas vezes ela havia dito isso e então se deixava engolfar de novo pela necessidade de seu corpo, pela vontade incontida da pele, do gozo, do sexo.
Seus caminhos tinham agora uma nova rota, no entanto. Cansada de tantas idas e vindas, de tantas promessas que terminavam de novo do mesmo jeito, na mesma cena de ciúmes, na mesma discussão e agressão verbal, Letícia havia decidido mudar de cidade. Não confiava em seu próprio corpo mais. Estava viciada em Marcos. Seu corpo exigia uma dose, como um viciado anseia pela droga. Exigia as mãos calosas, o beijo voraz, a pressão em torno da cintura. Exigia ser tomado, possuído, arrebatado.

Como um viciado, Letícia se viu cada vez mais cedendo a droga. Deixando de lado suas vontades, cedendo aos desejos de Marcos, mudando de atitude, de amigos. Até que um dia se olhou no espelho e da menina de praia, bronzeada e divertida restava muito pouco. Olhos cansados lhe encaravam de volta.

Não falou nada. Na cômoda, em seu quarto, repousava a passagem aérea. A mala estava pronta, suas contas encerradas. Como um viciado, no entanto, foi incapaz de dizer não a mais uma dose. Mais uma vez, só uma, só para lembrar pelas noites que viriam, noites de rolar acordada na cama, com o corpo queimando, na ânsia do que não mais teria.

E por isso estava aqui, corpo arqueado na tentativa de desfrutar até a última gota, até a última dose. Pernas embrulhadas em torno da cintura de Marcos, sua cabeça curvada, a mão forte embrenhada em seus cabelos. Mordidas e marcas que precisaria disfarçar com maquiagem enfeitavam seu pescoço. Abriu os olhos num esforço de gravar aquela cena. O corpo sobre o seu era forte, força nascida de trabalho não de academia, sabia que o cheiro de suor e sexo, de macho, iria lhe perseguir para sempre. Marcos tinha o rosto enterrado em seu pescoço, o corpo coberto por uma camada fina de suor brilhando na luz difusa do quarto.

Sentia-se viva. Inteira. Possuída. Naquele momento não importava que a sensação a deixaria com gosto amargo após o fim. Só importava sentir. Sentir as coxas fortes lhe abrindo as pernas, o arrepio que os pelos faziam nascer em sua pele. Só importava o deslizar profundo do membro duro lhe deixando mais molhada. Os sons dos gemidos. Só importava a boca em seu seio, chupando, amamentando, querendo...seu sexo em fogo sendo alimentado por cada estocada. Ali esquecia do que deixava para trás em nome disso e de tudo que havia perdido. Só queria se embebedar, se afogar.

A linguagem pesada de Marcos só lhe excitava mais ainda. Naquele momento ERA a sua puta. Sua. E faria qualquer coisa que ele quisesse. Gemeu alto quando ele a virou de bruços e a arrastou até a beira da cama, seus joelhos fracos deslizando até tocar o chão. E então ele estava em cima dela, dentro dela. O ângulo impossivelmente mais prazeroso. Ele mordeu sua nuca, uma das mãos em seu seio, beliscando o bico teso e lhe arrancando pequenos gritos. Dor. Não exatamente dor. Necessidade. A outra entre suas pernas, esfregando seu clitóris, nadando nos sucos grossos que já lhe molhavam as coxas. Seu corpo inteiro era um fio de alto tensão, insuportavelmente esticado e tenso. Pediu, implorou. Tentou mover seus quadris e se empalar ainda mais no membro duro, mas Marcos a pressionou contra a cama impedindo qualquer movimento. Sentia-o pulsar dentro de si. Quis gritar sua frustração, sua necessidade, mas só gemeu e implorou por mais. Desavergonhada. Sem vontade própria. Apenas corpo e desejo.

Ele começou a mover-se devagar, um lento retirar até que apenas a cabeça de seu membro estivesse dentro dela e então uma estocada dura e profunda que a jogou de encontro a cama. Seus dedos apertados em seu clitóris, roçando, beliscando.

_ Marcos...por favor...

_ Por favor? O que você quer, gatinha? Peça...

Era um jogo. Um jogo de poder. Ele a deixaria maluca, incoerente, até arrancar toda e qualquer confissão que quisesse. Até reduzi-la a balbucios e maldições.


_ Diga. O que a minha putinha quer tanto?


O movimento calculado e lento a estava enlouquecendo. Sua barriga estava tensa e dolorida, suas coxas trêmulas, seu sexo doía. Precisava gozar. Como um faminto precisa de comida. Enterrou seu rosto no colchão, suas mãos apertadas no lençol embolado. Tentou de novo erguer os quasdris em busca de mais fricção ou esfregar-se nos dedos que não deixavam o ninho molhado...qualquer coisa, tudo...só precisava de alívio.

_Por favor, por favor...me deixa gozar...Marcos...

Sentiu o sorriso contra a sua nuca. Talvez lembrasse um dia de como detestava esse poder que ele exercia sobre seu corpo, mas não agora. Agora apenas gritou quando o membro em seu interior apressou o ritmo. Estocadas violentas, movimentos brutais, posse. Os dedos deslizando rápido e duro contra seu clitóris, as palavras cruas em seu ouvido, lembrando que ela era dele, que só ele fazia ela ficar assim, só ele arrancava seus gemidos, só ele a fazia gozar como um animal no cio, incoerente e sem se preocupar com quem podia ouvir seus gritos pedindo mais.

E então a ordem simples e clara:

_Goze! Goze pra mim, agora, minha puta.

E como um animal adestrado, como se só esperasse por isso, seu corpo explodiu em mil fragmentos. O prazer enlouquecedor lhe roubando o fôlego e a deixando flácida e ofegante na cama, enquanto Marcos movia-se mais rápido e duro até gozar com um grito abafado em sua nuca.

Eles rastejaram de volta a cama e Marcos logo adormeceu, enquanto Letícia se lembrava de cada motivo pelo qual precisava dar um fim a essa situação. Catou do chão suas roupas e vestiu-se apressada, não queria dar chances que ele acordasse e pudesse convencê-la a ficar mais um pouco. Sabia que cederia. E se perdesse o voo voltaria ao mesmo lugar, a mesma situação da qual tentava escapar. Não olhou para trás, não quis olhar o corpo largado na cama que assombraria suas fantasias nos meses por vir. Apenas fechou a porta do apartamento o mais silenciosamente possível e se foi.


PS: Obrigada a @VIVIJAYRES pela sugestão da música.


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