Esse conto nasceu de um papo regado a muita cerveja com um par de amigos que eu adoro. Nasceu de muitas risadas e um muito envergonhado rapaz que quase se escondeu debaixo da mesa. Para respeitar sua timidez, nomes e lugares foram mudados e alguns fatos foram acrescentados ou suprimidos para manter o anonimato de quem contou, mas procurei preservar o tom em que a história me foi contada.
Não é exatamente um conto erótico, mas existirá sexo quente, prometo, só não ainda nesse primeiro post! Sejam pacientes, na vida real as coisas acontecem em um ritmo diferente. Ainda estou terminando algumas partes, por isso será publicado em cinco capítulos. Divirtam-se!
Sexta-feira, alguma hora pela manhã.
MatheusMeu nome é Matheus e eu tenho 28 anos, mas as pessoas frequentemente pensam que eu sou mais novo. Talvez seja o cabelo encaracolado ou o fato de eu ser pequeno, não sei. Eu poderia dizer que tenho um corpo perfeito, mas hei! estou tentando ser sincero aqui. A verdade é que eu sou baixinho, mais para o lado magro não importa o quanto eu coma e minha característica mais notável são os enormes olhos azuis que herdei de algum parente distante. Meu cabelo poderia ser algo interessante se eu tivesse a paciência para isso, mas ele é só um monte de cachos rebeldes que eu acabo amarrando em um rabo de cavalo só para não cair em meus olhos.
Eu tenho 1,70m...tá, essa coisa de ser sincero é muito chato...é 1,69cm, mas você não vai ficar chateado só por conta de um centímetro não é? E afinal eu mereço um pouco de indulgência já que hojé é o primeiro dia da minha nova vida.
Eu estou aqui de pé, no meio da sala do meu novo apartamento e cercado por dúzias de caixas que eu não tive tempo de etiquetar e não sei exatamente o que tem dentro. Eu dispensei os meninos da companhia de mudança justamente por isso. Em alguma dessas caixas está minha coleção de revistas e vídeos e eu preferi não ter que explicar onde eu queria que isso fosse colocado. Ok, aqui vai mais um segredo: eu sou tímido. E não acho que os meninos gostariam de ver minha coleção de G-Magazine ou dar de cara com um dildo...melhor não.
Então cá estou eu, sozinho e cercado de caixas, sem saber por onde começar essa tarefa assustadora. Tudo bem que não há móveis para montar e isso é um alívio, por que jamais fui do tipo à vontade com pregos, parafusos e martelos. E tenho certeza que não ficaria nada bem se eu resolvesse quebrar aquela cama que deixei para trás. A cama era a responsável por eu estar aqui. Quer dizer, não a cama em si, mas tudo que ela me lembrava.
Eu adorava aquela cama...isso até chegar em casa e pegar meu namorado num 69 com "nosso" grande amigo Marcos. E então a cama se tornou só uma lembrança ruim, junto com o apartamento, os bares e até os amigos em comum, que sabiam da incapacidade de Pedro manter as calças fechadas e nunca me contaram. E é exatamente por isso que eu estou no meio dessa bagunça, quilômetros longe da minha antiga cidade e pronto (ou não) para encarar uma nova vida, com novo emprego, novos amigos e, eu espero, um novo namorado em algum lugar do caminho.
Eu não vou mentir e dizer que não estou machucado, mas pelo menos agora eu não preciso me preocupar sobre tropeçar neles na padaria ou em algum dos bares. Felizmente minha auto piedade foi interrompida pelo som do interfone. Vitor. O segundo motivo, depois do trabalho, pelo qual eu tinha vindo morar aqui. Vitor e Carlos moravam a apenas duas quadras do meu novo apartamento e se alguém podia servir de inspiração nesse meu novo empreendimento eram os dois. Juntos e felizes há mais de cinco anos, eles me faziam acreditar que existia alguém lá fora pra mim. Eu só precisava acreditar.
Vitor estava na portaria e subiu assim que eu autorizei. Felizmente a caixa que eu derrubei a caminho da porta tinha utensílios de cozinha e não videos e revistas só pra maiores. Não que ele não tivesse uma coleção semelhante, mas eu preciso guardar um pouco de segredos, não?
Meu salvador trouxe lasanha e refrigerantes e me fez sentir bem vindo. Ele não demorou muito pois precisava abrir logo o restaurante em que ele e Carlos eram sócios, mas o bastante para me convidar a jantar com eles, se eu tivesse ânimo.
Depois que ele se foi eu resolvi que, pelo menos parte daquela bagunça, devia ser arrumada. E logo eu tinha CDs e livros nas estantes e o chão era limpo o bastante para que andasse sem tropeçar. Revirando em mais uma caixa eu encontrei algo realmente importante: um envelope com o contrato do meu novo trabalho, junto com as informações que meu novo chefe tinha achado importante me passar. Era uma boa desculpa para parar de trabalhar um pouquinho e tomar pé no que me esperava na segunda-feira.
Separei o contrato, que eu já havia relido dezenas de vezes e retirei o documento sobre o pessoal com quem eu estaria trabalhando em três dias. A maior parte não tinha nada de interessante. Eu estava bem familiarizado com tudo que era esperado de mim na nova função e os programas que eles usavam não eram novidade. Eu fiquei mais interessado quando cheguei a parte sobre o novo grupo com quem eu estaria trabalhando. Eu já sabia que o time tinha cinco pessoas além de mim, mas não extamente o que cada um fazia. Havia uma nota rabiscada a mão que dizia que uma pequena bio e fotos do time haviam sido anexadas.
Na página seguinte meu supervisor sorria. A foto era bem feita e ele parecia simpático, mas é sempre assim em firmas grandes, todo mundo precisa parecer bem e animado. Suas qualificações eram excelentes e era claro que ele tinha condições de estar onde estava. Folheei as próximas páginas sem muito entusiasmo. Havia uma mulher jovem e séria, assistente administrativa, dois rapazes tipicamente nerds, programadores e um homem mais velho, talvez na casa dos quarenta que era o projetista e por fim na última página aquele com quem eu trabalharia mais diretamente: o designer. Eu não estava preparado para a reação que tive ao ver a foto.
Meu Deus! Ele era magnífico. Olhos de chocolate, cabelo curto e bem cortado, um sorriso enorme que até no papel me fez querer sorrir também.
Eu não sei quanto tempo eu fiquei lá, olhando a foto, mas quando eu percebi que estava realmente acariciando o papel me bateu uma certa vergonha. Eu nem conhecia ele! Sua bio era impressionante.
Eu estava praticamente babando em cima da foto do sujeito! Imagine ter que trabalhar todos os dias junto com ele! O estado civil era declarado como solteiro, mas isso não dizia se ele tinha uma namorada e muito menos se ele preferia meninos.
Ridículo! Qual a chance do meu novo colega de trabalho ser gay e solteiro? E mesmo que fosse, eu sou do tipo que pode ser descrito no máximo como comum. Nada que estivesse na mesma liga que o Sr. Adônis da foto.
Decidido a esquecer a sensação, eu deixei os papéis em cima do sofá e fui me arrumar para o jantar com Carlos e Vitor. E daí se a imagem do sorriso da foto continuava na minha cabeça? Ele com certeza devia ter mal hálito, uma voz horrível ou ser terrivelmente egocêntrico. Ninguém com aquela aparência poderia ser também simpático e divertido. Isso sem falar que ele devia ser hétero, claro. E se eu continuasse repetindo isso pelos próximos três dias eu estaria em ótimas condições para enfrentar o modelo ao vivo e em cores na segunda-feira.
Segunda-feira, quase 5h da manhã.
FábioEu odeio segundas. Não é que deteste meu trabalho. Pelo contrário, eu realmente adoro meu emprego, mas sair da cama as segundas é sempre um sacrifício para um dorminhoco como eu. Porém hoje eu não tive nenhuma dificuldade para levantar. Pelo contrário, eu praticamente pulei fora da cama, mais de uma hora antes do horário em que meu despertador costuma tocar. E eu estava de bom humor.
Existiam duas razões para essa mudança: a primeira era a promoção que tinha me tornado o principal responsável pelo novo projeto da empresa e a segunda era meu novo colega de trabalho que começava hoje.
Eu o havia visto na entrevista. Não mais que um vislumbre para dizer a verdade, mas o bastante para fazer uma grande impressão.
Eu sei, isso parece ridículo. Cá estou eu, um homem adulto, maduro e responsável sonhando acordado com um monte de cachinhos que vi de relance, numa entrevista semanas atrás. Um monte de cachinhos, um traseiro redondo e olhos azuis enormes. Isso tudo num pacote pequeno que caberia direitinho no meu colo. Ah...eu não disse que gosto dos pequenos? Pois é...eu gosto.
E por isso lá estava eu, pelo menos meia hora mais cedo, entrando no escritório com um friozinho na barriga que não sentia a muito tempo. O objeto das minhas fantasias estava serenamente sentado e ele era muito mais bonito visto de perto.
Eu já falei dos cachinhos? Realmente, realmente eu adoro aqueles cachinhos. Ele estava nervoso quando nos cumprimentamos, mas eu acho que isso é normal em um primeiro dia de trabalho e eu não ía ficar imaginando que seu nervosismo tinha algo a ver comigo.
Eu voltei pra minha mesa e soltei um suspiro ao perceber que ele ficou sentado exatamente na minha frente. Como eu ía me concentrar em alguma coisa com aqueles cachinhos balançando na minha frente? Eu quase podia sentir a maciez que eles escondiam e como eu queria arrancar aquele elástico e ver como eles se comportavam soltos. Ía ser um longo dia...
Pouco antes do almoço eu já tinha desenvolido uma técnica muito boa para fingir que estava trabalhando e ao mesmo tempo poder observar a vista. Não era muito bom para o trabalho, que não estava sendo feito, mas era um prazer enorme para meus olhos. Principalmente nos poucos momentos em que ele levantou para fazer algo e eu pude ter um olhar para o corpo inteiro.
O problema maior é que eu não estava conseguindo nenhuma sugestão da sua sexualidade. E olha que eu sou razoavelmente bom em perceber quando meus avanços podem ser bem vindos. Ele era cortês e educado, mas ainda muito tímido com os colegas para falar de uma namorada por exemplo. E eu tinha que trabalhar com ele, então uma abordagem direta poderia ser um problema.As estatística dizem que é muito ruim namorar um colega de trabalho por que muitas vezes, quando a relação termina, você é incapaz de continuar trabalhando com o ex.
Caramba! Eu não troquei nem dez palavras com ele e estou realmente pensando em uma relação? Eu preciso de mais café, urgente.
E a minha boca grande precisava perguntar se mais alguém queria café? Quando ele levantou os olhos e encontrou os meus para dizer que sim, queria café, eu esqueci como respirar. Enormes, mornos e doces olhos azuis. E nenhuma sugestão de luxúria, infelizmente. O problema é que meu cérbro entendeu, mas meu corpo preferiu se concentrar em como ele parecia perfeito.
Não ajudou que eu estava em longo celibato. Um ano antes, depois de mais uma manhã acordando sozinho depois de uma noite de sexo sem compromisso, eu decidi que estava na hora de esperar pelo Sr. Direito. Meu cérebro me deu parabéns e meu coração deu pulinhos...meu pênis disse que eu era um idiota. Mas pela primeira vez em anos eu mandei ele calar a boca.
Agora estava que aqui com um caso furioso de luxúria e nenhuma pista se o dono dos cachinhos tinha algum interesse em mim...
Capítulo 2