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quinta-feira, 12 de agosto de 2010 Post By: Lilah

O que dizer as crianças?



Quando o blog mudou de caminho, por conta da minha vinda pra Bolívia, eu fiquei pensando no que eu poderia escrever que interessasse a vocês. Fui rever os posts antigos, os bate papos no twitter e percebi que todos os posts do universo GLS tiveram ótima repercussão. Geraram boas conversas e foram os mais acessados no blog. Aí fiquei me perguntando: mas escrever sobre o universo gay? Pode uma mulher heterossexual, casada, sem experiência lésbica (contam as brincadeiras de criança?) escrever sobre esse assunto e fazer isso de maneira realista? Trazer realmente alguma informação válida?

O post em que eu contei a minha experiência como mãe de um filho gay (Mãe, eu sou gay) foi o mais visitado aqui. Foi reproduzido em mais três blogs e eu recebi vários emails, de filhos e mães, que estão lutando com a sexualidade e o momento de saida do armário. E para cada email que recebi, tenho certeza que outros tantos não tiveram a coragem de se manisfestar. Então o assunto interessa e faz eco. E é desse ponto de vista que eu pretendo escrever.

Uma vez por semana, sempre as quintas-feiras, a coluna "Mãe, sou gay" vai tentar tratar dessa relação delicada entre pais e seus filhos homo e bissexuais. Não vou dar conselhos, nem sou terapeuta. Não tenho formação para isso. Vou falar de assuntos que fazem parte do meu dia a dia e do dia a dia do meu filho, vistos pelos olhos de uma mãe. E vou ouvir, se você estiver disposto a contar ou a dividir comigo a sua opinião ou experiência.
Então...bem vindos a mais essa virada aqui no meu cantinho. Bem vindos a "Mãe, sou Gay!"


Na estréia de hoje eu quero aproveitar um dos emails que chegou e perguntava o que eu faria quando existem crianças, sejam irmãos caçulas ou sobrinhos. Bem, meu caçulinha tem doze anos, mas na época que o Lucas assumiu(eu odeio essa palavra, mas não achei outra) ele tinha quase sete e, claro, tinha um milhão de perguntas. Eu disse que não ia dar conselhos, mas esse não é meu, é dos psicólogos: quando uma criança pergunta algo, responda APENAS o que ela perguntou. Se uma criança pergunta de onde ela veio, ela não está esperando uma aula de biologia e toda a mecânica do ato sexual, se você responde "da barriga da mamãe" ela ficará plenamente satisfeita. Então não crie problemas onde não existem e seja econômica.

Se uma criança pergunta o que é ser gay, responda de maneira direta e simples: é um homem que gosta de outros homens ao invés de mulheres ou uma mulher que gosta de outras mulheres ao invés de homens. E eu garanto que a criança ficará plenamente satisfeita no momento. Aliás se ele tiver mais ou menos uns 6-9 anos e estiver na fase do clube do Bolinha vai achar que isso faz muito mais sentido do que gostar de meninas! rsrs
Não minta, não esconda. A criança não vive numa redoma de vidro e, mais dia menos dia, um coleguinha da escola, o adolescente no play ou um vizinho rabugento vai soltar a bomba. E a criança precisa estar pronta para lidar com a homofobia por tabela. Se ela escutar palavras como veado e sapatão, explique o que significa e mostre que são palavras preconceituosas e que as pessoas, muitas vezes agem assim por ignorância. Preconceito não é genético, é adquirido, não deixe sua criança ser contagiada por ele.

Por fim uma questão complicada e controversa: como lidar com o namorado(a) do filho(a) na frente da criança? Permitir beijos, abraços? Evitar? Bem...eu acredito que uma criança que cresce em meio a manifestação saudável da sexualidade, se torna um adulto mais confiante e menos reprimido. Claro que não estou falando de fazer sexo no sofá da sala, mas beijos na chegada e na despedida, assistir tv abraçado ou simplesmente demonstrar carinho pelo parceiro, não causarão nenhum trauma a psique infantil. Pelo contrário! Essas crianças se tornarão adultos mais livres de ideias tacanhas e atitudes preconceituosas. Hoje em dia o Saulo nem mesmo pisca quando vê o Lucas deitado no colo do namorado no sofá...a não ser que seja para reclamar de não ter espaço para sentar!

Então é isso...coluna de estréia dá um friozinho na barriga portanto adoraria ouvir as opiniões de vocês, críticas e sugestões são bem vindas. E quinta feira que vem tem mais!

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