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quinta-feira, 21 de outubro de 2010 Post By: Lilah

5X Mãe



Blogagem Coletiva da Mulher e Mãe @redemulheremae.


Semana passada a @fernandareali sugeriu que eu escrevesse um livro sobre a experiência de ser mãe em momentos tão diferentes da vida. Isso não é um livro. E nem é exatamente o tema que ela propôs, mas ao começar a escrever esse post o título que ela sugeriu e a forma que ela pensou para o livro me veio a cabeça. Ao invés de um capítulo, um parágrafo. Ao invés das diferentes experiência, o vínculo, um segredo que tenho com cada um deles.






Lipe: Meu menino sério que entrou na fila da responsabilidade umas dez vezes antes de nascer. Eu tinha tanto, mais tanto medo quando ele nasceu. Medo de não dar conta, de fazer errado, de machucar, de não saber cuidar... Lipe foi um bebê tremendamente chorão. E claro que a culpa disso era do meu medo e da minha ansiedade. Que ele percebia e devia pensar “como essa criatura quer cuidar de mim se ela morre de medo de me segurar?” Um dia, numa das minhas muitas reclamações ao pediatra, ele sugeriu que eu deitasse Lipe de bruços na minha barriga quando ele chorasse. E eu fiz. Meio desconfiada, mas fiz. E na primeira vez que o coloquei, só de fraldas, encostado na minha pele ele parou de chorar em menos de um minuto. E levantou aqueles enormes olhos verdes e aguados e acho que me viu pela primeira vez. E naquele silêncio da casa, sozinha com ele eu acho que entendi pela primeira vez o que era ser mãe. Vinte e sete anos depois, ele ainda adora dormir deitado no sofá, com a cabeça no meu colo...e cafuné é a melhor forma de fazê-lo relaxar.

Victor: Meu Vic. Alguém disse que filhos do meio são os mais safos. Os que se viram melhor e aprendem mais rápido. Vic é o garoto propaganda dessa frase. Ele andou primeiro, falou mais cedo e fazia negócios com o dinheiro da mesada aos 10 anos. Com Vic eu fui mais relaxada. A lembrança mais gostosa que eu tenho dos anos de pré adolescência dele eram as noites de pipoca. Só nós dois gostamos de filme de terror. Então ficávamos na cama, debaixo do cobertor comendo pipoca e discutindo a maquiagem horrível de filmes antigos. E nesses papos eu escutava tanto mais...tantas histórias que ele me contou no meio de zumbis, serras elétricas e sangue artificial. Pode parecer estranho, mas foi ali que ele me contou que ia perder a virgindade e eu conversei sobre sexo seguro. Foi nas noites de pipoca que ele falou sobre o pai biológico e a ausência de relação entre eles, sobre as dúvidas no que seria quando crescesse. Ali nos fizemos nossas melhores Drs e acho inclusive que estamos precisando ver o Massacre da Serra Elétrica de novo por esses dias....

Lucas: Meu macaquinho. A família inteira o chamava assim por que ele “escalava” minhas pernas para subir no colo onde quer que eu estivesse. Sempre foi o mais afetuoso deles. O mais tímido e quieto também. Nossos papos eram no carro. Ele nunca se adaptou a escola dos irmãos e por isso ele ganhava uma carona extra de meia hora na ida e meia hora na volta, todo dia. E nessa meia hora nós conversávamos de tudo e todos. Quieto e tímido, ele costumava “sumir” na multidão exuberante de meninos que entravam e saiam lá de casa, mas naqueles 30 minutos no carro eu era só dele. E conversávamos de tudo e nada, com o mesmo entusiasmo, enquanto ouvíamos Legião Urbana...ele é o único dos meus filhos tão fanático quanto eu...e cantávamos desafinado junto com o CD. Anos depois eu lembraria de um verso da música predileta dele enquanto o mundo caía aos nossos pés: “mas é claro que o sol vai vai voltar amanhã, mais uma vez eu sei...” Renato sempre soube o que dizer não é, amado?

Saulo: Eu contei a história dele AQUI. Dos nosso namoro de idas e vindas, de acertos e falhas. Dos seus longos silêncios que enlouqueciam a tagarela que mora em mim. Eu tinha seis cães quando ele veio morar comigo. E ele morria de medo deles. Por que eram grandes e assustadores e ele nunca havia tido contato com animais. Um dia eu trouxe para casa um hamster. Pequeno e assustado como ele. E Saulo ficou horas na frente da gaiola vendo Bingo se exercitando na roda. E ali, sentada no chão, vendo Bingo comer sementes de girassol (uma cena deliciosa) nós conversamos sobre medo, sobre solidão, sobre estar assustado e preso. E foi olhando Bingo que ele deitou pela primeira vez no meu colo. Tímido e sem saber muito bem como, “só para olhar a casa do Bingo”. Dois anos depois quando Bingo morreu, foi enterrado com as honras que um cupido merece. Hamsters até hoje me fazem sorrir.

Agora estou grávida de novo. Começando um novo vínculo com esse bebê. Lhaminha ainda é só um camarãozinho, mas o coração bate forte e rápido. O primeiro momento de emoção foi ouví-lo. Não sei se vamos brincar de fazer cócegas ou conversar olhando para Illimani para formar esse vínculo. Se existe algo que eu aprendi nesses vinte e sete anos é que cada filho é único. Você não os ama igual. Isso é mentira. Por que eles não são iguais. E precisam de coisas diferentes. Amar é justamente poder fornecer isso...seja dormir abraçado no sofá e ensinar a ser menos sério, compartilhar fofocas num filme de terror, chorar abraçado quando o mundo parece terminar ou só contemplar um hamster se alimentando. Não importa. Tudo é amor. Um vínculo que nada quebra. Nunca!



  1. Afe, será que vir aqui e chorar se emoção vai se tornar rotina? ;oD Não reclamo, estou adorando, só tenho receio de uma mega desidratação!

    Ainda não sou mãe, às portas de completar 38 anos espero ainda essa bênção, e quero muito poder acertar tanto qto tenho sentido vc e tantas outras amigas acertarem...

    Xerinhos
    Paty

  1. Ainda bem que meu rímel é à prova d'água!

  1. Anônimo

    faço das palavras de dona Amélia as minhas...

    Muito lindo Lilah e concordo muito contigo, cada filho é diferente uma pessoa única...Os meus são tão diferentes em personalidade, físico que se não fossem filhos meus e de meu marido diria que são adotados e no fundo a gente adota o próprio filho quando nasce, pois passa a conhecê-lo, a gente amam muito cada filho, mas ama cada um a sua maneira...
    Beijos...

    Isabel A Síndica...

  1. Lilah, ontem, você me fez chorar com seu post sobre a Fátima, hoje repete a dose com esse maravilhoso post. Só entro aqui agora portando lenços de papel! rs
    Fabuloso, querida. E tão doce. Tem que virar livro com certeza!
    Alias, ontem lembrei de você. Numa conversa com minha mãe sobre aquele assunto da minha irmã. Foi inesperado e emocionante...
    Mais uma vez te agradeço.

  1. Lindo, lindo... quero ter um batalhão de meninos e ser capaz de cria-los tão bem quanto você.

  1. faço minhas o escrito da Fer Reali...
    não teve como não chorar!!!
    lindo e lindo esse post!
    parabéns por td!!!

    e aproveitando, obrigada pela resposta q tive com esse post, msm sem perguntar!!!
    me vejo as vezes me torturando pra responder: como consigo amar dois filho?
    como consigo me dedicar a 2?
    como consigo dar atenção a 2?
    como vou conseguir td isso?!

    respeirei aliviada agora... rs

    vivendo e aprendendo!

    bjão
    da Li
    no coração

  1. Muito bom o texto.
    Sensivel, tocante.
    Realmente é preciso desmitificar que o amor de mãe ou pai é igual para todos os filhos.
    Eles são diferentes, são unicos, cada um tem suas necessidades, seus anseios.
    A dedicação e o "ser mãe" é que é igual.
    Parabens pelo post.

    bjo

  1. Nossa como você escreve deliciosamente...A Fernanda tem toda a razão, registrar estas nova experiência seria fantástico ( e nós adoraríamos) parabéns pelo seu texto...temos uma semelhança, somos mães de cinco...quatro meninos...a quinta(minha) é menina...vamos aguardar...beijinhos

  1. Puxa vida que coisa linda, acho que vc deve seguir o conselho da Fernanda e se aventurar neste livro. História vc tem de sobra pra contar. :-) Estou seguindo o blog.

    abraço

  1. Ai meu Deus, vou ficar desidratada!!!
    Lindo o seu relato!!! Super mãe!!!
    Bjs.

  1. Que lindo Lilah, parabéns pelo texto.
    É verdade, não amamos os filhos da mesma forma, porque os filhos não são iguais. Tenho só uma filha, então não sei o que é sentir amor por outro filho, mas sempre ouvi minha mãe e tantas mães dizerem que amam seus filhos igualmente, mas vejo que o tratamentos entre eles é diferente. E sempre me questionava nisso, como minha mae e tantas mães falam que amam seus filhos da mesma forma, se eu vejo elas tratarem seus filhos diferentes? Até que um dia ouvindo Luiz Gasparetto, ele falou claramente, é mentira quando uma mãe diz amar seus filhos da mesma forma, isso não existe, porque os filhos são diferentes, por isso não existe amor igual. Ai eu entendi.
    E sempre que comento isso com minha mãe e com varias mães, elas me dizem que estou enganada, mas hoje, vi que não, com seu relato, vejo que Gasparetto está sim correto, e que as mães amam seus filhos diferentes porque os filhos são diferentes. Issõ não siguinifica que não exista amor, é claro que existe mas não um amor igual.
    POST excelente!!!
    Beijos,
    TUKA.

  1. Oi Lilah, vim conhecer o seu blog depois que vi la no blog da Fê Reali, não tem como não se emocionar...adorei, ja to seguindo.

    Bjão

    http://andreiarenovandoereciclando.blogspot.com

  1. Anônimo

    Lilah, a pessoa sensível que sabe transformar sentimentos em letras!
    Filho é assim mesmo: eles juram que estão aprendendo e, no final, nós é que estamos aprendendo!

    Beijos

    KEL

  1. Anônimo

    Lilah, você é uma maravilhosa contadora de histórias da vida real. Lindo, lindo, lindo post, filho ensina muito mesmo, adorei!!

    Aiai... camarãozinho, é? Tem jeito não, rsrs. Beijos prá mãe e pro bebê.

    mat girl

  1. Que lindo Lilah! A maior emoção da minha vida foi me tornar mãe e me emociono com sua história porque mãe é isso mesmo: o tornar a ser! Sim! POrque não somos mães somente por gerar, parir ou adotar. Somos mães por possuír um amor tão inacreditável que somos capazes de morrer, em todos os sentidos, para que os filhos vivam!

    Parabéns pela enésima vez pela sua história materna!
    Ah! E essa Lhaminha aí tem xana. POde anotar!
    hahahahahaha

  1. Nossa, me emocionei muito com o seu texto, até porque temos algo "incomum em comum" 5 filhos. Muito lindas as histórias de cada um.

    Abraços

  1. Nossa, que coisa mais linda!!!
    Impossível ler sem chegar às lágrimas!!!
    E é uma grande verdade que não os amamos da mesma forma! Como poderia se são pessoas diferentes?! Sempre senti isso!!!
    Parabéns pelo post e pelo novo bebê!!!
    Estarei sempre por aqui!!!

    Grande beijo,

    Cláudia

  1. Lilah,

    Quando abro seu blog tenho certeza que irei me emocionar, e é batata!

    Lindo seu texto, seu vínculo com seus filhos.

    Não sou mãe, mas toda história de vínculo materno mexe muito comigo, talvez pelo fato de lembrar do meu vínculo com minha mãe, de valorizá-lo e de querer torná-lo ainda mais forte!

    Beijos.

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