O ano era 2007. A net bbb vivia uma confusão nunca antes vista. Malucos surgiam de todo canto, com as histórias mais mirabolantes do mundo. Eu, na época não tinha blog, não entendia o que era blogosfera e gostava mesmo era de falar mal da Siri (vou perder leitores, eu sei) e babar horrores na cueca branca do Alemão. E num dia desses eu conheci, virtualmente,uma pessoa. Em comum nós tínhamos o fato de gostar de escrever e ter uma penca de meninos. Os dela ainda crianças. Os meus já crescidos. Ela, jornalista. Eu professora. Ambas, comentaristas, ambas casadas. Ambas insones. Ficamos amigas. De jogar conversa fora nas madrugadas e cobiçar a bunda do Alemão.
Ele nessa época era só um conhecido. Gentil e prestativo, meio ingênuo. Ok, muito ingênuo. Inteligente e divertido, mas solitário. Um dia, ela me conta que o casamento, que já não parecia feliz a muito tempo, começava a acabar. E de repente, o menino ingênuo e a jornalista inteligente viraram amigos de infância. E eu assisti de fora. E, confesso, uma das únicas vezes que minha itnuição falhou miseravelmente. Eu acreditei. Eu ajudei. Eu incentivei e acarinhei.
Ela, ocupada com trabalho e cheia de projetos....mas engraçado, sempre com tempo sobrando na net...nunca tinha tempo de vir conhecê-lo. Eram problemas e mais problemas. Ele, sem grana para bancar a viagem. O tempo passou. Um mês, dois, seis, um ano. E eu comecei a ver furos. A estranhar a reticência, mas ainda acreditando. Ainda achando que ali existia algo de verdadeiro. Meu Deus, eu falava com os dois! Eu vi, eu ouvi, eu vivi. Não podia ser história.
Finalmente ela cede a pressão. E marca a viagem. E mostra passagens compradas, com data e número do voo. E tudo parece finalmente caminhar para o final feliz. Dois dias antes da data do embarque um sumiço. Telefones, msn, skype...nada responde. Nenhum contato. Então uma notícia, por um "parente", de que ela estava muito doente, mal súbito. Comoção entre os amigos. Desespero dele. Tudo confuso e estranho, assustador.
Um grupo de amigos se mobiliza. Milhas doadas, vaquinha, endereço e telefone na mão, ele embarca para o encontro, que se não seria o sonhado, seria finalmente um consolo. Mas no destino não existe o endereço dado. No hospital, nenhuma pessoa. O telefone fora desligado uns dias antes e a companhia não sabia ou não podia informar o assinante ou o motivo. Ele, perplexo,volta para o Rio sem saber o que aconteceu. Sem entender o que leva uma pessoa a ter tal comportamento.
As pessoas envolvidas se sentem perplexas, traídas. Amizades se desfazem por que fica uma desconfiança de quem fez o que e por que. Eu passei meses longe da net. Mudei meu nick, mudei de ares por que aquela história me fazia mal demais. Não pelas milhas que perdi. Não me fizeram falta. Foram dadas de coração limpo e alma tranquila. Mas por toda a dor causada e toda a tristeza e desconfiança que ficou.
Nunca mais soube dela. Uma ou outra vez achei que havia visto algo de comum em um comentário de blog, um gênero de escrever, uma história contada...mas nunca tive certeza. Ele nunca se recuperou totalmente. Principalmente por ser visto às vezes, como vilão de uma história em que foi vítima. Ou pelas chacotas de quem o achou ingênuo demais. Não sei.
Semana passada eu segui um link. E ao ler me vi de novo vendo uma história já conhecida. Me calei. Por que eu não tinha nem provas e nem motivos para falar nada. Comentei rapidamente apenas com a Washkel,meu baú predileto. E deixei. Até que a mentira veio a tona e eu assisti entre chocada e triste, mas não exatamente surpresa. Sabe? As vezes um raio cai duas vezes no mesmo lugar. Ou pelo menos bem próximo.
Oi Lilah.
Mais uma prova, infelizmente, de que pé atrás e caldo de galinha, mal não faz!
Bjs