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segunda-feira, 15 de novembro de 2010 Post By: Lilah

Da Ausência de Limites



Ontem de manhã cinco jovens de classe média, entre 16 e 19 anos, atacaram três outros jovens na Av. Paulista. Usando lâmpadas fluorescentes como bastões, eles espancaram um jovem até que ele desmaiasse e feriram mais três no seu ataque de fúria. A polícia investiga se a motivação foi homofobia, mas nesse momento eu nem quero discutir isso. O que me choca e assusta é o discurso dos pais desses jovens.


Com um rapaz internado e mais dois feridos e uma acusação de roubo além da agressão, o discurso desses pais é de que seus filhos são vítimas. Eles não são marginais!Eles estudam! Eles tem pais! Eles foram provocados e tiveram uma atitude infantil! E depois de uns dias na Fundação Casa, eu acredito que esses garotos serão recebidos em casa com honras de heróis. Serão mimados e se reforçará a ideia de que agredir pobres, ou negros, ou gays não é assim tão grave. Afinal quem são essas pessoas para estar no mesmo espaço que eles, filhos nobres da classe privilegiada desse país? 


Assusta-me muito esse discurso. Por que ele cria marginais. Ele propaga o preconceito. Mas antes disso é preciso pensar como esses jovens chegaram a esse ponto. Eles são um reflexo de um geração sem limites. Criada para acreditar que o mundo  lhes deve algo. Com pais que abriram mão de sua posição de educadores e não aprenderam a dizer não aos filhos. Pais que substituem carinho por bens materiais, roupas de grifes e carros de marca. Que estão tão envolvidos em ganhar mais e mais dinheiro que esquecem de "perder" tempo para olhar o filho.


Eu tenho quatro meninos. Filhos da classe média também. E muitas vezes eu me preocupei com as companhias, com os lugares que eles frequentavam e com a ideologia que via ser propagada entre a turma deles. Eu sempre quis ser e sou amiga dos meus filhos. Sempre quis que eles pudessem conversar comigo sobre qualquer assunto. Mas jamais abri mão do meu lugar de mãe. Nunca esqueci que a responsabilidade de educar era minha. E que isso incluía frustrá-los muita vezes. E, às vezes, isso se reflete em coisas pequenas mas muito importantes. Como vender um vídeo game quando eles tinha 13, 11 e 8 anos por que os três quebraram as janelas da casa do vizinho e tinham que pagar. Ou dizer não, você não vai a festa por que eu não confio nesse lugar. E aturar as caras feias e os silêncios zangados em retorno. 


Essa geração abriu mão de cuidar dos seus filhos e relegou essa responsabilidade a babás, escolas, professores... Mas os filhos sabem que estão sendo ludibriados. Eles sentem isso. E crescem sem limites, sem aprender a ouvir não e achando que o mundo está ali para servi-los. É de se estranhar que acreditem que não há nada de mais em bater em quem por algum motivo não fez ou não parece com o que ele quer?



  1. Ai Lilah...
    às vezes eu tenho medo do mundo que estamos criando, viu?

  1. É... ontem ao ver essa reportagem pela segunda vez só me veio à mente isso: falta de nãos, de limites. E achei muito certo vc vender o video game para pagar a janela. Tudo tem um preço, uma consequencia. É bom que se aprenda isso desde o berço.

    Bjos.

    Clau

  1. Essa situação além de muito triste é revoltante sim. Revolta justamente por saber que a "culpa" vai além, começa lá de trás, numa educação relapsa. Queria muito que um mundo de paz, amor, respeito, gentileza e harmonia não fosse apenas uma utopia!

    Xerinhos, frô
    Paty


    PS: e seu genro, está melhor?

  1. Sabe que parte achei a mais perfeita da sua postagem? Essa: "Essa geração abriu mão de cuidar dos seus filhos e relegou essa responsabilidade a babás, escolas, professores..." Achei perfeita porque, além de pensar dessa mesma forma, vejo "in vitro" esse tipo de postura de ter filhos para que eles sejam criados e educados por terceiros. Nossa geração terceirizou a educação! E o resultado disso é o mundo que estamos vendo: cheio de preconceito, atrasado e que responde com violência! E quantos casais, Lilah, que conheço, que tem filhos só para falar que tem filhos? Lamentável!

    Seu texto está ótimo e também fiquei mais que indignada com essa história!
    Bjs

  1. Lilah esse é mais um dos seus textos para serem distribuidos nos cadernos dos alunos, para que pais e professores leiam!
    Ontem fiquei meio por fora, e só hoje fui ler com mais atenção sobre a agressão e fiquei estupefata! Absurdo! E concordo plenamente, falta de limite, falta de nãos e ausências da figuras paternais e maternais!
    É por isso que sou defensora total da campanha "Deixe um filho melhor para esse mundo!" - ou corremos o risco de virarmos vítmas desses tiranozinhos que se acham no direito de agredir qualquer um que não seja um deles!

  1. Eu fiquei horas aqui com a página aberta depois de ler. É terrível como a maior parte da classe média alta está 'educando' essas 'crianças' hoje em dia. É MEDONHO!
    O que a Pat Daltro falou é fato: corremos o risco de virar vítimas dos próprios filhos!
    Eu penso no futuro: meu pai me dá tudo hoje, me cria como um tiranozinho imbecil... ele acha q qndo precisar de mim pq está velho e não consegue se cuidar, EU vou fazer isso? Eu vou é enfiá-lo num asilo qquer E deixá-lo por lá, curtindo o seu dinheiro.
    Não temos que pensar em criar os filhos com tudo o que querem, mas com valores que vão durar a vida inteira.
    É isso que muitos pais estão esquecendo. Não é função da escola ou da sociedade.

  1. É...falta de limites, de nãos!!!
    Eu sempre digo que os professores estão apanhando das cças e dos adolescentes pq os pais deixaram seu papel de educadores dos próprios filhos de lado!
    Educar é função dos pais! Instruir é função da escola. Cuidar é função da babá.
    Os pais estão deixando a educação dos filhos para outras instâncias e estes estão se perdendo na falta de limites, pq quem melhor para dar limties do que os pais?!
    Saímos de uma geração reprimida para uma geração largada, abandonada à própria sorte!
    Me assusta muito ver pais de adolescentes como estes aparecerem em reportagens na tv alegando infantilidade, dizendo que seus filhos são vítimas!
    Me deixa aterrorizada ver que existem pais que pagam para livrar um filho assassino do flagrante de racha!
    Assim como vc, sou amiga dos meus filhos, dou abertura para falarem de tudo, mas não abro mão da minha função de mãe!
    Confesso que tenho uma grande preocupação com relação às companhias, principalmente qdo começo a conviver com os amigos e vejo que a educação de alguns adolescentes vem na base da recompensa pela ausência dos pais!

    Grande beijo,

    Cláudia

  1. Ainda não tinha lido nada a respeito, fiquei dois dias fora, longe de internet e televisão. Situação absurda!

    Realmente, a geração de hoje não sabe distinguir certo do errado, e nem a ter limites.

    Fico pensando, meus pais foram muito rígidos comigo e meus irmãos, tínhamos hora marcada para estudar, tomar banho, brincar. Quando não podíamos participar de conversas entre adultos, bastava um olhar e já entendíamos. Levamos no máximo duas correiadas e pronto. Hoje agradeço a educação que tive, reflete no meu comportamento, decisões, em tudo.

    Fico observando esta geração, cheia das vontades, das razões, das certezas, pode-se dizer que são eles que mandam em seus pais e não o contrário. Os pais compensam ausência com bens materiais, fazendo todas as vontades. Cadê o controle? A exigência? A rigidez? O pulso firme?

    Infelizmente, está assustador a realidade da nossa juventude.

    Beijos.

  1. Lilah,

    Concordo com seu post,. hj em dia os pais acham que a eucação é uma materia que deve ser ensinada em escola, e se os pais são chamados na escola, se irritam, pois acham que seus "santinhos" estão certos e é a profª que pega no pé dos "coitados".
    Eu sou mãe de 2 meninas de 11 e 13 anos, sou mãe que controla, cuida da lição e imponho meus limites, minhas filhas perguntam sempre se podem ou não fazer tal coisa, e até o acesso na net é controlado, acho que elas precisam e até gostam de saber que tem limites, pois sabem que estamos protegendo elas, sei que precisam crescer e aprender, mas elas sabem que o espaço do outro começa onde termina o seu.
    Otimo post.
    Bjão

  1. Estou devorando tudo aqui...
    Obrigada pela ajuda. Lí sobre a mãe que descobre sua filha como lésbica. Muito triste isso, não gosto de julgamentos, mas acho que sonhar algo para um filho é amor. Mas impor nossos sonhos para eles é uma tortura muito grande; sei disso, pois era dessa forma que minha mãe agia comigo. Muito frustrante para mim, que muitas vezes não conseguia realizar os sonhos dela e abandonava os meus. Aí vc já sabe o resultado, não é? credo tagarelei demais! Bjs

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